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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Vasos Carnival Glass - Parte 2

No mês passado, outubro, eu não fiz nenhuma publicação no blog.
O motivo vocês irão saber no final dessa segunda parte sobre vasos carnival glass.

O primeiro vaso que eu quero apresentar é conhecido como Fircone (pinha), e a história dele além de interessante acaba nos levando aos outros dois vasos que fazem parte dessa postagem




Quem nos conta a história do Fircone é o casasl Thistlewood em seu site.

O molde original desse vaso foi feito para a francesa Coty, indústria de cosméticos, e adquirido pela também francesa Saint Gobain.

Os vasos produzidos na Europa possuem as palavras "Coty" e "France" gravadas, como é o caso desse meu vaso.


Há alguns anos, vários exemplares desses vasos acabaram sendo encontrados no Brasil, alguns com as palavras "Coty" e "France" gravados, outros, além de não possuírem as palavras gravadas possuíam o gargalo do vaso um pouco mais prolongado.

Como esses vasos acabaram aparecendo no Brasil?

Acontece que nas décadas de 1950/1960 a Saint Gobain compra a empresa brasileira Santa Marina, aquela dos famosos "Duralex" e "Marinex".

Teria a Santa Marina produzido carnival glass no Brasil?

A dúvida ficará maior quando eu falar dos próximos dois vasos...

Um outro vaso fácil de ser encontrado no Brasil é o Aztec Headdress (Cocar Asteca).



Inicialmente acreditava-se que ele era de fabricação argentina.
Acontece que, dificilmente ele é encontrado na Argentina enquanto que no Brasil é comum encontrá-lo em sites de negociação, antiquários e leilões.
Portanto, uma pequena confusão, um vaso brasileiro com um nome mexicano e supostamente produzido na argentina...

Quanto ao nome "Cocar Asteca", eu realmente acho que o formato, junto com o padrão de decoração lembram um cocar, mas não asteca, e sim um cocar de alguma alegoria de escola de samba.



Mas infelizmente esse é o nome como ele é conhecido por colecionadores de outros países, portanto não é possível modificar.

Não faz muito tempo, eu acabei comprando um vaso que me chamou muito a atenção.


Inicialmente, achei que os frutos alongados que aparecem na decoração poderiam representar as flores do Cipó de São João, planta trepadeira muito comum no Brasil.


O problema é que as folhas do Cipó de São João são diferentes das folhas que aparecem no vaso.
As folhas do padrão do vaso parecem ser folhas de alguma videira ou talvez de alguma outra fruta que lembre um pé de uva.

Procurei em livros de jardinagem, entrei em contato com grupos de botânicos na internet, e a única planta que lembra o padrão do vaso é uma uva que começou a ser cultivada no Brasil a partir de 2010, a uva Dedo de Moça, Sweet Sapphire, em inglês.

Claro que a decoração  não pode representar essa uva, afinal de contas o vaso é do século passado.
Mas como essa uva foi a que mais pode ser identificada com o padrão, vamos dar esse nome ao padrão, Vaso Uva Dedo de Moça (Lady's Finger Vase).


O que me intriga nesses três vasos é que eles possuem características em comum.

Primeiro a borda.
Basta reparar que nos três casos ela não possui iridescência e é em formato de ondas.

A borda do Fircone:


A borda do Cocar Asteca:


E a borda do Uva Dedo de Moça:


Além da borda, os três vasos possuem uma certa textura no vidro.
Parece que ele foi levemente martelado.
Efeito bem peculiar e que eu nunca encontrei em outras peças produzidas no Brasil


A iridescência do Fircone é mais queimada, mas vale lembrar que esse Fircone não é o brasileiro.

Os três vasos possuem uma base elevada, circular e côncava.


Voltemos à minha pergunta.
Teria a Santa Marina produzido carnival glass no Brasil?

Será que o molde do Fircone teria instigado a produção dos outros dois vasos na década de 1960?

Em 2010/2011 a Nadir Figueiredo, fabricante do famoso "copo americano" comprou a Santa Marina.

No ano passado eu tentei entrar em contato com a Nadir Figueiredo para saber se eles mantém algum setor de memória/história.

Não obtive retorno...

No dia 13 do mês passado, entrei novamente em contato com o SAC da Nadir Figueiredo.
Dessa vez eles me retornaram pedindo que eu fornecesse um número de telefone , um dia e um melhor horário para contato.

Após fornecer os dados fiquei aguardando.

Dias depois do combinado, mais precisamente no dia 18, recebi um e-mail com os seguintes dizeres:

"Boa tarde, Claudio!

Atualmente, como você deve saber, a marca Santa Marina pertence à Nadir Figueiredo. Nós não temos registro de peças em faiança produzidas ao longo da nossa história e, consequentemente, não podemos auxiliá-lo na busca pela marca correspondente à peça que possui.

Para mais esclarecimentos, não hesite em nos procurar pelo 0800 163 646, de segunda a sexta, das 08 às 18 horas."

Retornei o e-mail, explicando que o motivo do meu contato era sobre vidro e não faiança, na verdade nem sei de onde tiraram a idéia de que eu queria saber sobre a faiança feita pela Nadir.
Forneci links de minhas publicações e também de publicações de colegas no exterior.
Solicitei que encaminhassem meu e-mail para algum diretor da empresa, ou alguém com mais tempo de trabalho, alguém que pudesse me dar uma luz...

E desde então tenho aguardado...

Nenhuma resposta.

Infelizmente essa é a realidade no Brasil.
Já comentei aqui inúmeras vezes, é uma pena como nossas empresas, que foram tão importantes para construir a história de nosso país deixem a sua memória se perder no tempo, sem nenhum registro, sem nenhuma informação.

Apenas mais uma empresa que existiu no Brasil.

Bem, esse é o motivo pelo qual fiquei aguardando mais de um mês para escrever essa postagem.

Mas aqui está ela, com mais três vasos carnival glass muito bonitos, com características comuns e quem sabe um dia poderemos descobrir mais informações sobre eles!

Um grande abraço para todos, e até a próxima!